Letra da Música: Sofia - Sam The Kid

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Estás predestinado para o êxito
A tua vida será um longo e amplo êxito
A menos que tu próprio tenhas quebrado um tal destino"

"Ohhh como é que é mano?"
"Então, como é que é Samuel?"
"Tá-se bem boy"
"Queres vir até ao Alcântara?"
"Vamos boy até ao Alcântara boy, mas primeiro vai haver uma festa no D. Dinis boy, aquelas do final de período. Tava a pensar ir até lá e depois bazávamos até o Alcântara boy"
"Então a gente vê-se lá"
"Vá boy um gajo vê-se lá. Aparece lá, vou bazar"
"Acho que sim"
"Fica, boy"

Fui pá boda do D. Di e a cena era de dondi
Ela olhava mas escondia a sua admiração
E eu olhava e respondia com satisfação
Até porque eu já sabia aquilo que ela sentia
O nome dela é Sofia, e pertencia à associação
Tinha a companhia de um g que não parecia são
Ela passou por mim só pra fazer a apreciação
Perdeu a vergonha, começou na aliciação
Inicia o coro c'a sua mão macia
"Não queres ir lá pra fora onda a rua está vazia"
Não! Prefiro o meu quarto que é a 100 metros daqui.
Vens?
"Só se prometeres dar-me momentos incríveis"

Ela era engraçada e a tuza era tanta
Que eu fui dizer ao Marco que já não ia ao Alcântara
Bazei. Já tou no quarto c'a minha parceira
Perguntou quanta damas tive, eu disse que era a terceira
E foi na boa, fomos à Lua e nem vimos Vénus
Éramos ingénuos, só com 16 anos
Na adolescência pensamos que somos eternos
E não se pensa na consequência dos enganos (ok)
No final do coito apertei-a com um braço
E no final da noite à porta eu beijei-a na face
Xau ai..!! Queres que eu vá contigo?
"Não deixa estar a minha casa é ali"
Desceu o prédio e eu nunca mais a vi
Questionei-me mas nem me preocupei assim tanto
Eu sabia que iria vê-la no segundo período
Voltei a vê-la em Janeiro
E ela puxou-me p'a um canto da sala de convívio e disse:
"Não me veio o período"
Eu já sabia. "Eu já sabia? Se eu soubesse não subia!"
Ccchhh... Tem calma Sofia.

Nesse dia ela tremia e eu senti-a nervosa
Já fizeste o teste? "Fiz e ficou cor-de-rosa"
Presumi que era a cor que não devia ser vista
Não sabia o que sentir numa emoção mista
Por um lado era o medo de ser um pai cedo
Mas por outro era o orgulho que qualquer pai sente
E o aborto não ia de acordo com os ideais dela
E ela sabia que por mais que ela quisesse
Os pais dela nunca aceitariam ser avós agora
Mas a escolha é nossa, somos nós agora

"Tu tens esse filho, não te preocupes. Vamos tentar arranjar uma solução para resolver isto."
"Mas nós não temos casa e estamos a estudar e..."
"Pá não interessa, não interessa. Eu falo com a minha mãe ou vamos pa casa dos teus pais. Não interessa. Pá, nem que a gente tenha de sair da escola, vamos trabalhar, vamos tentar arranjar um... epá, sustentar a nossa cena"
"ok epá ya, se for assim ya, ok eu tou nessa"
"então pronto"

Passou a ser a minha dama oficial
Foi difícil todo aquele drama inicial
O essencial agora é um sustento para o miúdo
E por o nosso estudo suspenso
Beneficiá-lo num acordo por extenso
Um casório num cartório sem um fato nem vestido
Só as juras de um tempo investido
No amor e no destino que o meu quarto fez
Deu-nos uma gravidez que ia no quarto mês
Mas se houvesse um pouco mais de sensatez
As nossas vidas ainda poderiam ser as mesmas... mas
Agora é tarde demais, a escola ficou pra trás
E a ecografia apresentou um rapaz
Ponderámos Nuno, Bruno, Daniel ou Tomás
Escolhe tu amor, por mim tanto faz
"Eu gosto de Daniel Mira, rima com o pai"
Disse ela bem disposta, mas na Alfredo da Costa,
ela só dizia: aiiiiiiii!
E é quando ele sai, é logo apresentado, as mamas da mãe
Com 3 kg e 300 gramas, sem problemas
Olho comovido ao vê-lo adormecido
A sogra diz que é parecido com um tio falecido
É o ritual da parecença à nascença
Tem a visão especial de saber ver a diferença
Em sinais ensinados pela geração anterior
Numa intuição interior de quem tem experiência
Depois da criança nascer veio a divergência
Vi o romance a descer em prol da nossa descendência
Porque eu fui pra casa dela mas não fui bem aceite
Bulia pra ter roupa, fraldas e leite
E ao fim do dia eu vinha feito num 8 do Bulls
E mais à noite saía com o Marco, eu falava e reflectia
Não foi isto que eu queria mas foi o que eu mereci
Eu gosto de rap, até podia ser um bom MC
Mas rimas não pagam contas e eu tenho bués
Estou cansado de ir às compras ao mercado
Com o cash bem contado
Só amava a criança, ela já não me atraía
Porque eu tirava a aliança cada vez que eu a traía
E esta é a altura que tou a pensar em deixá-la
Porque a gente já não fala só discute e o puto gala
Sonhos de bengala no Natal a trocar prendas
Embrulhadas em embalagens agora só são miragens
E no bar com o Marco disse eu não mereci tanto azar
Se eu pudesse voltar atrás iria ao Alcântara-mar.

"Como é possível quebrar o destino
se eu tenho o meu e cada um tem o seu?"

"Então Samuel, com'é que é ? sempre vamos ao Alcântara?"
"Vamos vamos boy, baza boy. Tava ai uma chavala a fincar com um gajo... mas essa xavala um gajo vê todos os dias, por isso baza pa Alcântara"
"Ya caga nisso. Vamos apanhar tarifa. Olha ali um"
"Olha ali um!"

Demos a fuga num fogareiro que figurava
Uma verruga com um tamanho que não se ignorava.
Na 24 CBR 600 e eu vejo 6 e há
mais são eis e arais, que adolescentes
Que vibram com ráteres e quem passa buzina
Mas quem quer ver mulheres que passe então no Benzina
Mas só bate a partir das 4 pra cima então ainda é cedo
Agora é Alcântara e a gente já se aproxima do Pedro
O homem da porta privada, o homem que aborta a entrada
Ou leva a saída a quem se comporta de forma errada
E o Marco aborda-o por dentro porque a nossa moral
Depende de quem nos ponha lá dentro
A espera foi curta para que alguém viesse
E fizesse o sinal ao Pedro que nos desse o acesso
No interior a música, moca, sufocas, o flash
Que pisca na pista enquanto damos a volta da praxe
Se curtes dançar e queres ter atenção
Aqui não há rodas, só tens colunas ou o balcão
Mas o balcão é mais pró big manel e as dançarinas
que divulgam a pele que apela à provocação
Vejo a coluna disponível, tou com disposição
Tenho toques novos hoje vou dar a exposição
Mas logo a seguir há uma dama sbi que me pede pra subir
E eu não consegui fazer a exibição, que eu queria
Mas se é paparia é bem vinda e esta não é excepção, é bem linda
A pussy já não esta lúcida a musica alucino-a
Roça-me a mama e eu vi-a na cama, cama-leoa
Ela tem aliança no dedo mas sem medo da dança
Num contacto sensual dá-me insegurança
Mas quê que me incentiva a ter iniciativa
A dar-me um kiss e cativa-me fisicamente
Enquanto ela mexe eu mexo também
Mas já vejo 10 boys olham e eu desço e venho
A xavala que eu nem sei como chamá-la
Então pergunto o nome e onde é que mora pra puxar um assunto
É a Dora dos Olivais e hoje está sozinha, os pais estão fora
E eu digo que ela é minha vizinha
A seguir ela pergunta, eu respondo mas minto
Sou o Samuel, trabalho na Junta e já tenho 20
Ela tem 26, é muito mais madura
E quanto mais minto ela mais curte, mais me atura
E não veio acompanhada mas tenciona
Levar-me prá zona dela com um coro que funciona
E um corpo que pressiona, beija-me e menciona
Que quer-me imenso e eu vou na
Conversa e penso que eu não passo
Duma conquista, uma vitória, uma atracção aleatória
Um destino que nos uniu no mesmo espaço
O Marco passa na sala onde eu estou sentado
Com um sorriso e um acenar que diz estás orientado
A minha mão bate na outra quer dizer vou bazar
A cabeça dele diz sim e eu mostro o meu polegar
Já tamos cá fora e a Dora já não sabe o lugar que deixou o bote
E quando acha eu digo vai devagar
Ela já tá apeada mas confessa que fica toda molhada
A guiar mais depressa, conversa fiada
É o pensamento que me vem à cabeça, e eu deixo que ela acelere
Só pede se pode tocar onde ela quiser
E eu deixo, e ela quer abrir o meu fecho éclair
Com uma mão na direcção e a outra na minha erecção
Sou um fantoche, um fétiche que a Dora adora
O pendura que a Dora explora na viatura
O táxi que me leva ao clímax, e eu tou quase a chegar
Ela olha-me e?!!

"Cada um é alvo incessante das suas influências, sabes?
E entre as influências há as boas e más, negativas e positivas"

Acordo e há uma luz que me encandeia
Ouço choro no fundo e tenho soro numa veia
Só me consigo lembrar duma coluna num bar
Vem um médico que me fala da coluna lombar
Que nunca mais vou andar
Porque a parti num acidente de automóvel
Em que eu fui o sobrevivente
De repente veio-me o flashback desse dia
Se soubesse tinha ido com a Sofia.


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